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Mostrando postagens com o rótulo literatura autoral

O sonho de Leo

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              Por Flávia Santosa                                                                                                                                                                                                                                                                   Leo estudava no 6° ano de...

O “crime” de ser reservada.

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  Foto de Ravi Sharma: https://www.pexels.com/pt-br Mais um dia aqui na escola, e o mais interessante disto tudo é que a minha postura e o meu comportamento vivem constantemente sendo avaliados. Eu, que deveria estar avaliando, acabo sendo avaliada — não pelas minhas ações, mas pela minha escolha: ser reservada. Descobri, com surpresa, que essa postura pode soar como afronta, quase como um crime hediondo. Afinal, quem ousa não se oferecer ao grupo? Quem ousa não se exibir, não se misturar, não se justificar? O silêncio, para muitos, é vazio. Para mim, é espaço. Na verdade, são essas pessoas que acabam me isolando. Desde o primeiro dia que cheguei aqui, percebi olhares conflituosos, desconfiados, críticos — sem que eu tivesse sequer aberto a boca. Trago comigo uma sensibilidade que não sei desligar. Percebo os pensamentos antes que virem palavras, sinto as intenções disfarçadas atrás de gestos banais. E, de algum modo, sei que transmito algo que não controlo: dizem que o meu sorriso...

O Valor Invisível

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Foto de Valeria Boltneva: https://www.pexels.com/pt-br /foto/maos-flores-crianca-filho-12982842/ Quando o presente é o gesto, não a coisa Por Flávia Santosa Há perguntas que não nascem para serem respondidas, mas para abrirem portas dentro da gente. Hoje, me encontrei pensando no que, de fato, uma mulher valoriza. Talvez não apenas a mulher, mas o ser humano. O que é, afinal, ser lembrada, ser valorizada, ser vista? É uma questão que atravessa o feminino, sim — mas que transborda para qualquer existência que deseja ser reconhecida no olhar do outro. Não vou ser hipócrita em negar: é verdade, a mulher gosta de presente. Mas não é sobre o objeto. Não é sobre o preço, nem sobre o embrulho bonito. O presente não é, em si, a coisa. É o gesto. Quando alguém nos presenteia, não importa o valor monetário, mas o tempo que aquela pessoa investiu em pensar em nós. A lembrança que se materializa, seja num objeto simples, num bilhete escrito à mão, numa flor colhida na rua, num olhar que pousa sobr...

Carmem, Lucila e a flor

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Por Flávia Santosa Veja nessa história, como conflitos e relações mal construídas podem se transformar com a simples e linda presença de quem chega sem pedir nada; apenas amor. Lucila Lucila foi uma mulher carregada de dores e de muitos amores. Compreendeu, ainda que tardiamente, que coexistimos com desejos que transitam entre grandes frustrações. Era cheia de vida. Bela, intensa, filha única, profundamente amada por seu pai e por aqueles com quem nutria afinidade. De sua parte, devolvia sempre muito amor e respeito. Quanto à mãe… apenas respeito, por ser mãe. “Lalinha, minha filha, minha vida… vem com papai.” Assim Eulálio costumava chamá-la, todas as vezes em que chegava do trabalho. Era ela a alegria e a satisfação da sua existência. Lucila cresceu assim: envolta em muito carinho paterno e sob o desprezo silencioso de sua mãe, Carmen. Carmem Carmen nunca desejou ser mãe. Deixou isso claro a Eulálio desde o início de seu relacionamento. Mas ele, respeitoso e amoroso, aceitou, até o m...

Fenda Eterna

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Por Flávia Santosa Neste conto curto se passa a história de uma breve história  de nascimento e morte de duas vidas. Uma mãe em profunda depressão diante da perda de sua tão esperada filhinha . O chão se abriu para Ariadne. A filha, tão sonhada, nasceu e se foi no mesmo instante. A alegria do alvorecer foi substituída pelo crepúsculo da morte. Uma parte de Ariadne se foi. O sonho de ver a filha crescer, as alegrias e as tristezas; as vitórias e as derrotas; as noites perdidas, a felicidade, a vida... acabou. Tudo se apagou. O futuro brilhante foi interrompido pela escuridão dilacerante. Como uma espada, a dor cortou seu peito em uma sensação sufocante. O mundo perdeu seu brilho; o céu e o sol se apagaram. A terra se abriu em uma fenda eterna, onde Ariadne mergulhou, profunda e silenciosa. Na escuridão dos sonhos. Na imensidão de sua mente. Em uma vida ausente. Flavia Santosa

A Luz de Clarice

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por Flavia Santosa               Com uma linguagem muito simples criei essa história fictícia de bases muito reais, com a personagem Clarice representando a realidade daqueles  que a sociedade, por muito tempo, negligenciou.                                                         A vida nunca foi muito fácil para Clarice. Ela não teve uma infância saudável como a maioria das crianças. Nasceu cega, filha de pais alcoólatras, e foi abandonada ainda pequena em um orfanato. Cresceu envolta pela escuridão e pela ausência — de afeto, de família, de um lar. Sua realidade era feita de vozes desconhecidas, de passos que vinham e iam, de crianças que também carregavam dores profundas e histórias partidas. O orfanato em que vivia, era repleto de problemas. Muito mal administrado, não tinha recursos necessários para ...

Helena e o Outono

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Este é o meu primeiro conto em que trago a   história de Helena, uma jovem que escolhe viver livre de amarras, trazendo uma reflexão sobre a solidez das escolhas pessoais e os dilemas do amor e da liberdade.  Como a solidão, e até mesmo os amores silenciosos, podem ser fontes de autoconhecimento?" Em uma tarde de outono, voltava Helena de sua caminhada pelo jardim botânico de sua cidade. Uma moça serena, tranquila, morena, de beleza estonteante, de olhar vibrante. Seu andar transmite segurança e imparcialidade. Intensa, porém frágil. Inocente. Helena, morena, serena. Querida por todos, desejada por muitos, Helena gozava de total liberdade. Apesar da tenra idade..., decidira viver livre sem dever compromisso a ninguém. Porém, tinha um coração inquieto sem mesmo entender por que. Sentia que algo a puxava de volta, um sussurro do passado, uma ausência que não conseguia nomear. Do passado trazia muitas lembranças. As lembranças de uma linda infância — uma infância feliz, resplande...