O “crime” de ser reservada.
Foto de Ravi Sharma: https://www.pexels.com/pt-br Mais um dia aqui na escola, e o mais interessante disto tudo é que a minha postura e o meu comportamento vivem constantemente sendo avaliados. Eu, que deveria estar avaliando, acabo sendo avaliada — não pelas minhas ações, mas pela minha escolha: ser reservada. Descobri, com surpresa, que essa postura pode soar como afronta, quase como um crime hediondo. Afinal, quem ousa não se oferecer ao grupo? Quem ousa não se exibir, não se misturar, não se justificar? O silêncio, para muitos, é vazio. Para mim, é espaço. Na verdade, são essas pessoas que acabam me isolando. Desde o primeiro dia que cheguei aqui, percebi olhares conflituosos, desconfiados, críticos — sem que eu tivesse sequer aberto a boca. Trago comigo uma sensibilidade que não sei desligar. Percebo os pensamentos antes que virem palavras, sinto as intenções disfarçadas atrás de gestos banais. E, de algum modo, sei que transmito algo que não controlo: dizem que o meu sorriso...