O que Consumimos, nos Tornamos: A Verdadeira Riqueza do Ser



O que Consumimos, nos Tornamos: A Verdadeira Riqueza do Ser

Por Flávia Santosa


Em um instante de reflexão, percebi uma verdade que ecoa na história da filosofia e da espiritualidade: o homem é aquilo que ele consome. Esta ideia vai além da clássica máxima de que "somos o que comemos" — ela se estende a tudo que alimenta nossa mente, nossas emoções e nosso espírito.


No mundo contemporâneo, consumimos muito mais do que alimentos. Consumimos informações, ideias, imagens, sentimentos. E cada escolha de consumo molda o ser que nos tornamos. Se buscamos apenas o que é caro, luxuoso e aparente, estamos, na verdade, consumindo ilusão — uma distorção da realidade da riqueza.


A verdadeira riqueza não está no acúmulo de bens ou status social. Ela reside na construção de um espírito forte e luminoso:

A inteligência nos sustenta diante das adversidades.

O conhecimento nos protege contra a ignorância e a manipulação.

O carisma verdadeiro, aquele que nasce da autenticidade, nos conecta profundamente aos outros.

A empatia nos eleva e nos enobrece.


Contudo, o desafio moderno é ainda maior.

Hoje, as pessoas estão perdidas entre dois caminhos: o consumo de qualidade e o consumo de quantidade.


As mídias, os mercados e os algoritmos oferecem uma enxurrada de opções — uma avalanche de produtos, de conteúdos, de estímulos. A quantidade é imensa, mas a qualidade é duvidosa. Em meio a esse excesso, muitos se tornam reféns de escolhas rápidas, impulsivas, superficiais. A massa segue um curso vulcânico, estrondoso e incontrolável, arrastando consigo milhões de consciências para um consumo desenfreado, sem reflexão, sem consciência.


Poucos percebem que, por trás da avalanche, há mentes que lideram esse movimento — mas não para libertar. Ao contrário: para transformar o ser humano em mera estatística de mercado, em número de vendas, em fluxo de dados. O espírito, nesse cenário, é ignorado. A alma é esquecida.


Consumir em quantidade, sem critério, é consumir a própria essência até esgotá-la.

Consumir em qualidade é alimentar o espírito de forma sólida e duradoura.


É preciso fazer uma escolha consciente.

Escolher qualidade é buscar alimento para a mente e o coração: boas leituras, relações sinceras, arte verdadeira, saberes que edifiquem. É recusar a hipocrisia, a negligência, a desonestidade que se vendem em embalagens sedutoras.


Essa caridade começa em nós mesmos — respeitando nossos próprios ritmos e necessidades verdadeiras — e se expande para o próximo e para a vida que nos cerca. A Terra, a Natureza, a comunidade humana são partes indissociáveis desse grande contexto ao qual pertencemos.


Consumir com consciência é um ato de sabedoria.

É escolher alimentos para a alma que nos fortaleçam, e não que nos corrompam.

É construir uma vida rica de sentido, e não de vazio.


Que possamos, então, escolher bem aquilo que nos alimenta —

pois é disso que seremos feitos.


Você sabe fazer escolhas conscientes?

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