Helena e o Outono



Este é o meu primeiro conto em que trago a história de Helena, uma jovem que escolhe viver livre de amarras, trazendo uma reflexão sobre a solidez das escolhas pessoais e os dilemas do amor e da liberdade. 

Como a solidão, e até mesmo os amores silenciosos, podem ser fontes de autoconhecimento?"



Em uma tarde de outono, voltava Helena de sua caminhada pelo jardim botânico de sua cidade.

Uma moça serena, tranquila, morena, de beleza estonteante, de olhar vibrante.

Seu andar transmite segurança e imparcialidade.

Intensa, porém frágil. Inocente.

Helena, morena, serena.


Querida por todos, desejada por muitos, Helena gozava de total liberdade. Apesar da tenra idade..., decidira viver livre sem dever compromisso a ninguém. Porém, tinha um coração inquieto sem mesmo entender por que. Sentia que algo a puxava de volta, um sussurro do passado, uma ausência que não conseguia nomear.

Do passado trazia muitas lembranças. As lembranças de uma linda infância — uma infância feliz, resplandecente, saudosa — que deixou para trás doces memórias. Mas entre essas memórias, havia um eco do passado, uma sombra esquecida que talvez não precisasse lembrar.

De repente, ao chegar bem próximo de sua casa, Helena se depara com um gatinho cuja pata estava machucada.

Com aquele olhar piedoso, ela se aproxima com cuidado, ajoelha-se devagar e estende a mão.

O gatinho, tímido, a observa.

Ela sussurra, como se ele pudesse entender:

“Ah, meu pequeno… olha só como a vida é cheia de surpresas. Mesmo machucadinho, você chegou como um presente. Nem imagina o quanto sua presença preenche esse vazio aqui dentro. Traz lembranças tão doces... e aquece meu coração nessa solidão.”

Ela o acaricia com ternura.

E, com delicadeza, o toma nos braços.

Acomodado, ele se aconchega.

Helena entra em casa com ele, e ali, o pequeno recebe seus primeiros cuidados. 

Naquele instante, um elo foi criado. 

A natureza, com sua sabedoria silenciosa, se compromete.

Ela cruza caminhos, une destinos.

Pessoas e animaizinhos — cada encontro é um gesto de cura.

E, às vezes, a gente nem mesmo percebe: é exatamente isso que o coração procura.

Alguém com quem compartilhar.

Alguém a quem se possa dedicar carinho, atenção…

Porque há amores que nascem em silêncio, e há amores que se traz no coração.

Helena serena e plena.


por Flávia Santosa


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