O Valor Invisível


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Quando o presente é o gesto, não a coisa

Por Flávia Santosa


Há perguntas que não nascem para serem respondidas, mas para abrirem portas dentro da gente. Hoje, me encontrei pensando no que, de fato, uma mulher valoriza. Talvez não apenas a mulher, mas o ser humano. O que é, afinal, ser lembrada, ser valorizada, ser vista? É uma questão que atravessa o feminino, sim — mas que transborda para qualquer existência que deseja ser reconhecida no olhar do outro.


Não vou ser hipócrita em negar: é verdade, a mulher gosta de presente. Mas não é sobre o objeto. Não é sobre o preço, nem sobre o embrulho bonito. O presente não é, em si, a coisa. É o gesto.


Quando alguém nos presenteia, não importa o valor monetário, mas o tempo que aquela pessoa investiu em pensar em nós. A lembrança que se materializa, seja num objeto simples, num bilhete escrito à mão, numa flor colhida na rua, num olhar que pousa sobre nós com doçura.


Eu sou do time das mulheres que valoriza o gesto, não a coisa. É o subjetivo que me move. O invisível que dá sentido ao que se vê.


Mas, claro, há quem veja o valor no objeto, no preço, naquilo que socialmente carrega status e validação externa. Não julgo. Cada um tem seu caminho, sua dor, sua fome de ser reconhecido.


Porém, para mim, o que me alimenta é o gesto. O cuidado invisível. A ação que diz, sem palavras: "Eu pensei em você."


E o mais belo é saber que o presente pode nem ser material. Pode ser um abraço demorado, uma mensagem no meio do dia, um café feito sem que eu pedisse. Pode ser um silêncio confortável ou um sorriso que chega de repente.


O valor mora no invisível. No espaço entre o gesto e a intenção.


No fim das contas, acredito que o presente mais valioso é ser lembrada. É saber que, em algum momento, alguém nos colocou na rota dos próprios pensamentos.


E talvez, se existisse uma verdadeira fortuna nesse mundo, ela estaria escondida aí: no gesto, na lembrança, no invisível que sustenta o que chamamos de amor.


É nisso que acredito, e você?

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