A dor silenciosa de Mariana: um retrato da escola atual
- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
Mariana amanhecia aos prantos todos os dias, tentando encontrar forças para ir à escola. Era um verdadeiro martírio para ela e para seus pais. Contudo, havia razões para tamanha reação — razões que seus pais desconheciam.
Todos os dias, Mariana era recebida com piadas cruéis e olhares discriminatórios por causa de sua estatura. Com aproximadamente 1,45 m de altura e já aos quinze anos de idade, era alvo constante de apelidos como “anãzinha”, “chaveirinho” e tantos outros termos depreciativos que a feriam profundamente. O ambiente escolar havia se tornado, para ela, um verdadeiro inferno.
Quanto aos professores, muitos enfrentavam seus próprios dilemas diante do crescente desrespeito em sala de aula. Tentavam repreender os alunos que zombavam de Mariana, mas eram, eles mesmos, vítimas da indisciplina e da falta de limites. Tornou-se comum ver estudantes que não respeitam nem o professor, nem o espaço de aprendizado, transformando a sala de aula em um campo de batalhas invisíveis.
A escola de hoje — na verdade, já há muito tempo — vem enfrentando um alarmante índice de desrespeito e desgaste humano. O que deveria ser um espaço de conhecimento, empatia e convivência se converteu, em muitos casos, em um ambiente insalubre, tanto para alunos quanto para professores.
Muitos jovens, como Mariana, sofrem silenciosamente com o comportamento de colegas que frequentam a escola por obrigação, sem qualquer motivação ou compromisso com o aprendizado. São crianças e adolescentes sem referências sólidas, emocionalmente vazios e excessivamente alimentados pelas redes sociais — um reflexo direto de uma sociedade que perdeu o foco do essencial.
As políticas públicas, por sua vez, têm falhado de forma gritante em relação à educação. Reformas são feitas em nome de uma “educação moderna”, mas na prática, revelam-se medidas superficiais e sem sentido, que apenas aumentam a pressão sobre professores e gestores, sem oferecer soluções reais para o sistema de ensino.
Para esses alunos descompromissados, a escola se torna uma extensão de lares conturbados e desestruturados — um espaço onde descarregam frustrações, desafetos e a falta de regras. Curiosamente, muitos deles sabem mais sobre seus direitos do que sobre seus deveres.
Esses jovens chegam à escola munidos de discursos aprendidos em casa, onde os pais cobram que seus direitos sejam respeitados, mas esquecem de ensinar-lhes as responsabilidades que acompanham a convivência social e o processo educativo.
Em contrapartida, os pais de alunos perseguidos, como os de Mariana, também deixam de perceber que essa atmosfera tóxica não foi criada pelos professores nem pelos gestores. Ela nasce de uma cadeia social mais ampla — de lares que reproduzem violência, descuido e indiferença, enquanto esperam da escola aquilo que não oferecem em casa.
Enquanto a educação não for vista com olhos verdadeiramente humanos, essa realidade permanecerá inalterada. Professores, gestores e alunos continuarão travando uma batalha diária, tentando manter a dignidade e o respeito dentro de um sistema que parece adoecido.
E, enquanto isso, os “generais de quatro estrelas da educação” seguem confortavelmente instalados em suas salas, longe da realidade, discutindo reformas e índices, sem jamais escutarem o choro silencioso de uma menina chamada Mariana.
Quantas crianças você conhece, que vivem essa realidade?
Deixe o seu comentário!
- Gerar link
- X
- Outros aplicativos

Comentários
Postar um comentário