O sonho de Leo
Leo estudava no 6° ano de uma escola municipal. Diagnosticado com TEA (Transtorno do Espectro Autista) de nível 1 aos cinco anos, viveu a infância sem grandes complicações. Era um bom aluno, elogiado pelos professores pela participação e dedicação, mesmo com algumas limitações no aprendizado.
Porém, sua relação com os colegas de classe não era satisfatória. Vivia constantemente sendo alvo de piadas e brincadeiras de mau gosto, fazendo com que ele se mantivesse isolado da turma.
Tudo isso apenas porque tinha hábitos diferentes. Porque não era igual aos outros. Ele gostava de ficar sozinho, evitava barulhos intensos e não aceitava mudanças de rotina. Nos intervalos, enquanto os colegas se dispersavam em conversas ou jogos, Leo preferia desenhar em seu caderno. Nada de extraordinário, mas suficiente para que fosse rotulado como “o esquisito”.
Mesmo diante da exclusão, Leo criou para si uma espécie de proteção: mantinha-se distante, focado em seu próprio mundo e nos objetivos que alimentava em silêncio.
Certo dia, assistiu na escola a um curta-metragem sobre um menino cadeirante que passava os dias isolado, sem amigos. Aquela história o marcou profundamente. Foi nesse momento que decidiu o que queria para o futuro: ser diretor de cinema. Já conseguia visualizar, em sua mente, o caminho que seguiria.
Seu desejo era claro: produzir um filme sobre crianças com deficiência. Leo via de perto as dificuldades enfrentadas por elas no ambiente escolar e percebia o quanto as políticas públicas e educacionais falhavam nesse aspecto. Um sistema que deveria oferecer recursos e apoio para garantir cidadania e dignidade acabava, na prática, gerando frustrações, sofrimentos emocionais, sociais, psicológicos e, sobretudo, pedagógicos.
A chamada “educação inclusiva” parecia contraditória. O que deveria acolher, incluir e abraçar esses jovens, muitas vezes resultava em exclusão. Ao longo dos anos, ele ouvira falar de especialistas que defendiam a integração de alunos com deficiência às turmas regulares. No papel, parecia funcionar. Mas, para quem vivia essa realidade todos os dias, como Leo, era fácil perceber: a inclusão, muitas vezes, não acontecia de fato.
Ainda assim, ele não perdia a esperança. Acreditava que, por meio do cinema, poderia dar voz às histórias de crianças que, como ele, convivem com barreiras invisíveis. Seu sonho era transformar dor em narrativa, silêncio em imagem, exclusão em denúncia. Quem sabe, assim, abriria os olhos da sociedade para a verdadeira inclusão que tantas vezes fica apenas no discurso.
Quantas crianças você conhece que, como o personagem "Leo" , sofre com a invisibilidade emocional?
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